Aos gritos de “Salvem a Amazônia” e “Fora, Bolsonaro”, centenas de
pessoas se manifestaram nesta sexta-feira diante da embaixada do Brasil
em Londres, iniciando uma série de protestos convocados em vários países
a favor dos “pulmões em chamas” do planeta.
“Parem com a destruição agora” e “Salvem nosso planeta” eram outras
faixas exibidas pelos manifestantes, principalmente jovens, muitos
acompanhados de seus filhos e de seus pets. “Vimos as imagens horríveis
(da floresta em chamas) e queremos fazer algo em solidariedade para com o
povo do Brasil. Também temos filhos e gostaríamos que crescessem num
mundo que tem seus pulmões”, declarou à AFP Luisa Brown, professora de
inglês de 36 anos.
“Estou muito preocupada com a mudança climática, mas especialmente pelo
impacto do agronegócio”, afirmou Lucy Brown, de 41 anos, enquanto seus
dois filhos, de 2 e 4 anos, corriam ao seu redor. As duas são membros da
Extinction Rebellion, o movimento de desobediência civil criado no
final de 2018 para lutar contra a falta de ação diante da mudança
climática.
“É verdade que preferem hambúrguer a oxigênio?”, questiona o cartaz
exibido por outro manifestante. “É o Donald Trump brasileiro, tudo que
interessa a ele é o lucro, o dinheiro”, protesta Graham Cox, de 57. Ele
conta que se uniu ao Extinction Rebellion, porque, em 35 anos de
ativismo ambiental, assinou todas as petições “e não viu nada mudar”.De
acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve
quase 2.500 novos incêndios em 48 horas no Brasil.
O desmatamento, que avança rapidamente, é a principal causa dos
incêndios. Segundo o INPE, foram registrados 75.336 incêndios florestais
no país de janeiro a 21 de agosto – 84% a mais do que no mesmo período
do ano passado – e mais de 52% dos incêndios florestais foram na
Amazônia.
Manifestações em defesa da Amazônia estão programadas nesta sexta-feira
em São Paulo e no Rio de Janeiro, bem como em frente a outras embaixadas
e consulados do Brasil convocadas pelo Extinction Rebellion e pelo
“Fridays for Future”, o movimento da jovem sueca Greta Thunberg,
especialmente em Berlim, Madri, Barcelona e Turim (norte da Itália).
Em Dublin, cem pessoas ocuparam a entrada de um edifício que abriga a
embaixada brasileira, enquanto a Irlanda ameaçou na sexta-feira votar
contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul se
o Brasil não proteger a floresta amazônica. Protestos similares estão
previstos em Madri, Berlim e Turim, nesta sexta, e em outras cidades
europeias, na segunda-feira.