Há 13 anos consecutivos, o Brasil é o país que mais mata transexuais em todo o mundo.
No topo das motivações está a discriminação. Uma pessoa trans é aquela que não se identifica com o gênero ao qual foi designado em seu nascimento.
Geralmente, a manifestação de não se sentir representada pelo gênero em que nasceu começa a vir ainda cedo e diante de tantas dúvidas, incertezas e angústias, pessoas nessa condição ainda precisam lidar com um mal que toma conta do país: a transfobia.
Por que a decisão individual de uma pessoa parece incomodar tanto algumas outras?
Transfobia é todo e qualquer tipo de preconceito, aversão, rejeição, ódio, medo ou discriminação de pessoas transexuais. Essas atitudes podem se manifestar, de forma explícita ou velada, como a violência física; ou até mesmo por atos discriminatórios que atacam a manifestação individual dessas pessoas, passando a ideia de que a transexualidade não é parte da condição humana.
No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Brasil presenciou o deboche do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que usou uma peruca loira no plenário da Câmara para criticar as mulheres transexuais, afirmando que não são “mulheres de verdade”.
A ‘homenagem discriminatória’ não ficou só no Congresso, uma propaganda da Assembleia Legislativa do Acre, veiculada em sites de notícias que recebem verbas do Órgão, trouxe a seguinte frase: “a Aleac defende e valoriza as mulheres de verdade”.
Mas quem seriam as “mulheres de verdade”? Ao lado da frase, uma foto de uma mulher cisgênero, indicando qual seria possivelmente a ideia transmitida.
A propaganda começou a ser veiculada no dia 6 de março, dois dias antes da data que homenageia as mulheres… Data que deveria homenagear todas elas.
Curiosamente, os veículos de comunicação receberam uma determinação para que a campanha fosse retirada em caráter de urgência das páginas contratadas. Reparação ou medo de críticas? Paira a dúvida no ar, mas esse reparo só foi feito nesta terça-feira (21), o que fez com que por 15 dias, a Casa do Povo mantivesse sua propaganda contra o que chamou indiretamente de “mulheres de mentira”.
É válido lembrar que pela Lei, não há distinção entre o que seriam mulheres de verdade. Todas, sejam cis ou trans, têm direitos que devem ser respeitados. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, que passaram a ser enquadradas pela Lei de Racismo.