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Seco, desmatado e queimado: em outubro, Acre tem novo recorde em perda de cobertura florestal

Por Fábio Pontes

O Acre aos poucos vai assumindo um deprimente protagonismo em seus níveis de contribuição para o desmatamento da Amazônia brasileira. O estado, que antes ficava quase invisível quando da apresentação deste tipo de dado, agora disputa as primeiras posições no ranking da devastação ao lado de Pará, Mato Grosso e Rondônia. Em outubro, o total de área desmatada por aqui superou até mesmo o Amazonas, estado cujas dimensões territoriais são incomparáveis com o Acre.

Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Acre foi o terceiro estado que mais contribui para a perda de cobertura florestal do bioma em outubro: 84 km2. Um aumento de 133% quando feita a comparação com o mesmo mês de 2019. O Acre só teve menos floresta desmatada do que Rondônia (105 km2) e o Pará (474 km2). 

O desmatamento acreano superou até mesmo Mato Grosso, estado que costumava dividir com o Pará o primeiro lugar no ranking, mas que vem perdendo a vanguarda para o Acre. Em agosto já tínhamos superado o Mato Grosso também na quantidade de registro de queimadas, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Por falar em fogo, toda essa floresta derrubada no Acre em 2020 muito em breve vai virar em cinzas em 2021 com a chegada do “verão amazônico”. Conforme o Imazon, entre agosto e outubro o desmatamento acumulado é de 435 lm2. Por sinal, talvez nem seja preciso esperar até julho ou agosto do ano que vem para a temporada do fogaréu no Acre recomeçar – se é que ela acabou. 

Com a escassez de chuvas observada até aqui, a tendência é de todo esse material combustível (a floresta desmatada) apresentar as condições ideais para ser queimada bem antes. E com tanta mata devastada, podemos ter muito fogo em 2021 e, consequentemente, muita fumaça tóxica em nossas narinas. 

Com menos chuvas a tendência é de esse fogo também adentrar na floresta por a umidade estar muito baixa. O aumento dos dias secos acumulados e as altas temperaturas contribuem para o chamado “estresse hídrico”, quando a floresta perde muita umidade, deixando-a exposta a incêndios.  

Agora, em pleno “inverno amazônico”, estamos vivendo verdadeiros dias de “verão”: quentes e secos. Dados da plataforma MAP-Fire apontam que, em algumas regiões do Acre, não há registro de chuvas há mais de 10 dias em novembro. 

O efeito inevitável é o aumento na quantidade de queimadas. Nos 22 dias do mês já são 122 focos captados pelo Inpe. Em igual intervalo de tempo do ano passado foram 14 focos; naqueles dias chovia por aqui. Durante 2020 o Acre registra 9.178 pontos de queimadas; aumento de 35% ante 2019.

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