Em janeiro de 2020, este Portal trouxe a público um procedimento suspeito envolvendo a Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) com a empresa C.Com Informática Importação e Exportação Ltda
A SEE aderiu à uma ata da Secretaria de Fazenda do Amazonas para a aquisição de microcomputadores.
A vencedora da licitação em território amazonense foi a empresa acreana C.Com Informática Importação e Exportação Ltda, cujo principal sócio é Cristiano Silva Ferreira.
Silva Ferreira é casado com uma das filhas do deputado estadual José Bestene.
A empresa venceu uma licitação de quase R$ 12 milhões.
No dia dois de janeiro, eu levei a público uma transação, no mínimo suspeita, sobre a compra de computadores pela Secretaria de Estado de Educação e Esporte.
Eram dois mil computadores.
Os equipamentos foram adquiridos da empresa C.Com Informática, cujo proprietário é genro do deputado estadual José Bestene.
Questionei o fato de a empresa ter, supostamente, entregue dois mil computadores em um dia e ter recebido três dias depois.
O genro de Bestene, o senhor Cristiano Ferreira, embolsou mais de R$ 10 milhões.
Parece incrível, mas, cheio de razão e negando as evidências, o genro do José Bestene moveu duas ações contra o editor deste Portal.
As ações estão tramitando na Justiça.
A verdade quase sempre vem à tona.
Em abril do ano passado, o vice-governador Wherles Rocha veio a público corroborar a denúncia.
Rocha, agindo como líder da oposição, denunciou um superfaturamento de até R$ 3 milhões, na compra dos benditos computadores.
Picado pela mosca da arrogância, o senhor Cristiano também processou o vice-governador.
Mas nada como um dia atrás do outro.
Não aconteceu nem a segunda audiência e a verdade veio à baila.
Este Portal estava certo.
O vice-governador também estava certo.
Auditores do Tribunal de Contas do Estado, muito provavelmente motivados pelas denúncias, foram verificar os procedimentos.
E descobriram muita coisa errada.
Descobriram muito mais do que se pode imaginar.
Para início da conversa, foi detectado um sobrepreço superior a R$ 2,7 milhões, para a compra de dois mil computadores.
Até o dia da inspeção, haviam sido pagas mil setecentos e cinquenta máquinas, o que diminui o superfaturamento para dois milhões quatrocentos e seis mil.
Quer saber mais?
A Secretaria de Estado de Educação e Esporte adquiriu equipamentos com configurações inferiores e preços superiores ao mercado, podendo esse superfaturamento ser ainda maior.
Veja um trecho do relatório dos auditores do TCE:
“Vale ressaltar que, apesar ter tido início no mês de novembro, houve uma celeridade atípica no andamento do processo, especialmente na última semana do ano, entre os dias 23 e 27 de dezembro, incluindo um feriado no dia 25 de dezembro, o que, de certa, forma impacta o funcionamento da administração pública.”
Hoje, tudo ficou ainda mais claro.
A Polícia Civil prendeu seis acusados de participar da trama.
Três são da SEE e três da empresa, inclusive o proprietário da empresa.
O ex-secretário adjunto Márcio Mourão, que autorizou o pagamento, também foi preso.
O problema será se Mourão abrir o bico. Ele não iria pagar um negócio tão escandaloso desse sem uma ordem superior.
As prisões foram realizadas pela Polícia Civil, por meio da Operação Trojan.
Veja a primeira denúncia aqui.